Com
um longo caminho a percorrer até ser votado no plenário da Assembleia
Legislativa de Santa Catarina, o projeto de lei do deputado estadual Kennedy
Nunes (PSD) que prevê a distribuição de um kit bíblico aos alunos da rede
estadual já causa polêmica. Na sexta-feira (11), a proposta gerou debate nas
redes sociais. Houve quem apoiasse e criticasse a ideia.
De
acordo com a proposta, a intenção é enviar aos estudantes com idades entre seis
e 12 anos kits contendo uma Bíblia que, garante o parlamentar, será escolhida
de acordo com a religião do aluno.
"Vamos
contemplar todas as religiões, sem exceção. E as Bíblias poderão ser
escolhidas, por exemplo, em versões católicas ou evangélicas" alega
Kennedy, que é membro da AD em Joinville.
Kennedy
argumenta que a ideia é criar várias opções de kits. A sugestão do deputado é
criar parcerias público-privadas com entidades e organizações religiosas para
patrocinar a compra e a distribuição dos materiais.
“Qual
o problema?”, pergunta o deputado
Na
sexta-feira, após ser criticado por internautas sobre a criação do kit, Kennedy
usou o Twitter para defender sua proposta. Segundo ele, a falta de religião
“faz do ser humano um androide”.
"Qual
o problema em falar de religiosidade nas escolas? Querem falar de sexualidade e
até de gêneros e por que a religião não? " escreveu.
Para
Cássia Ferri, pró-reitora de ensino da Univali e especialista em educação, este
tipo de projeto causa desconforto se não forem abordadas todas as religiões
existentes.
"As
escolas públicas precisam aceitar toda a diversidade religiosa. A leitura dos
textos bíblicos é válida, mas não pode ser a única opção aos alunos",
explica Cássia.
Além
dos kits, a proposta de Kennedy prevê a realização de aulas extracurriculares
sobre a Bíblia. Para ser votado no plenário da Assembleia Legislativa, o
projeto ainda precisa passar pelas comissões de Legislação e Justiça e de
Educação, Cultura e Desporto da casa.
Projeto
semelhante em São Paulo
O
projeto do kit bíblico de Kennedy Nunes não é inédito. Em São Paulo, uma
proposta semelhante está em tramitação na Assembleia Legislativa e serviu de
inspiração para que o parlamentar levasse a ideia para Santa Catarina.
Ele
argumenta que o objetivo do projeto é “amenizar os conflitos nos lares, nas
escolas, nas ruas e na sociedade em geral”.Sobre a polêmica, o deputado nega a
existência de um doutrinamento religioso e afirma que, com essa proposta, a
ideia é promover uma discussão sobre a espiritualidade.
"Estamos
em uma era em que a conectividade nos afasta uns dos outros e de Deus. Se eu
conseguir levantar a bandeira da espiritualidade, já é um mérito" diz.O
secretário de Educação de Santa Catarina, Eduardo Deschamps, preferiu não se
manifestar antes de analisar melhor o projeto.
O
que o projeto propõe
-
Kits bíblicos educativos serão distribuídos nas escolas estaduais para crianças
entre 6 e 12 anos.
-
Os alunos receberão lições que vão acontecer durante o período letivo
regulamentar.
-
As aulas terão um caráter extracurricular e serão ministradas em horários fora
da grade curricular.
-
As escolas poderão fazer parcerias com entidades religiosas, ONGs e associações
para desenvolvimento dos materiais.
Fonte: AD ALAGOAS
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