Devido às suas políticas de isolamento, a Coreia do
Norte é um mundo à parte. Servir a Deus ali custa um alto preço: cristãos
reúnem-se em cavernas para fugir do controle do Estado. Refugiados afirmam que
a completa falta de direitos humanos, incluindo a liberdade de religião, torna
a situação em seu país incomparável a qualquer outro.
De acordo com o norte-coreano Timothy*, de 24 anos,
o governo só está preocupado com os testes nucleares. Ele quase foi torturado
até a morte porque foi considerado um traidor após ter sido preso na China, há
nove anos: "Eles ignoram todas as liberdades, o nível dos direitos humanos
é de zero por cento. As religiões não são permitidas. O líder da Coreia do
Norte tem de ser adorado como deus e isso não vai mudar, a menos que o regime entre
em colapso".
Durante os 15 anos que viveu na Coreia do Norte, ele
nunca notou nada de religioso entre os cidadãos. "Eu me lembro de filmes e
desenhos animados sobre maus cristãos. O Deus cristão era um monstro para mim.
Quando eu tinha 11 anos, testemunhei a execução pública de um cristão. Seu
crime foi ter escondido Bíblias minúsculas no telhado de sua casa. No mesmo
ano, uma senhora foi baleada. Ela havia fugido para a China para frequentar a
igreja ali, mas um espião norte-coreano descobriu suas atividades. Ela foi
presa e enviada de volta à Coreia do Norte, onde também foi morta em público.
Estou convencido de que essas práticas ainda ocorrem no país. Quanto a mim, eu
aprendi a confiar em Deus quando Ele me salvou da tortura e da prisão. Graças a
Ele eu ainda estou aqui".
Joo-Eun* expressa a opinião de outros refugiados
norte-coreanos, quando diz que "não há qualquer liberdade religiosa na
Coreia do Norte". Ela afirma que "aqueles que acreditarem em Jesus
estão simplesmente mortos. Kim Jong-Un é deus e não pode haver qualquer deus
além dele. Norte-coreanos que ouvem falar sobre o cristianismo, sabem que Jesus
pode dar-lhes uma vida melhor, mas eles também sabem que o cristianismo vai
destruir o sistema socialista que vigora hoje no país. Por isso a perseguição é
tão feroz. Em nenhum outro lugar do mundo é possível encontrar uma ditadura já
na sua terceira geração. Sim, existem igrejas na Coreia do Norte, mas só quando
os estrangeiros estão presentes. O Estado permite que alguns moradores
participem, mas não há qualquer liberdade de expressão, de religião, ou
imprensa na Coreia do Norte. Já que é improvável que essa situação mude, eu
acho que a Coreia do Norte permanecerá na primeira posição da Classificação de
Países por Perseguição (WWL)*, da Portas Abertas, por muito tempo",
concluiu.
Tim Peters, fundador da organização de ajuda e
suporte aos refugiados Helping Hands Korea, concorda com os depoimentos
prestados. "Não é surpreendente o fato da Coreia do Norte estar em
primeiro lugar na WWL, dado o crescente número de testemunhos de pessoas que
foram ajudadas através da estrada de ferro (a conhecida trilha usada por
refugiados em busca de sua liberdade da Coreia do Norte, através da China e de
outros países, até a Coreia do Sul). Sem mencionar os relatórios que recebemos
de igrejas na Coreia do Norte. Elas concordam com o fato de que não há
liberdade de religião no país. Existem, hoje, mais de 25.000 refugiados
norte-coreanos na Coreia do Sul. Seus testemunhos são provas convincentes da
severa perseguição religiosa na Coreia do Norte".
*Os nomes foram trocados para a segurança dos
cristãos.